Todos os anos, Portugal arde. As imagens são sempre as mesmas: florestas em chamas, aldeias evacuadas, animais carbonizados, bombeiros exaustos. E, todos os anos, o discurso também se repete: “tragédia”, “catástrofe”, “fatalidade”. Mas há uma pergunta que raramente é feita: quem ganha com tudo isto?

Porque se há fogos que nascem do acaso, muitos outros têm dono. Alguém riscou o fósforo, mas também alguém contou o lucro.

O crime que rende: interesses escondidos atrás do fogo

Por trás de muitos incêndios criminosos, escondem-se interesses económicos bem estruturados. O fogo não é apenas destruição — para alguns, é uma oportunidade de negócio. Eis alguns setores que, direta ou indiretamente, beneficiam do caos:

  • Indústria do eucalipto e da celulose:
    Após grandes incêndios, terrenos antes protegidos são limpos e rapidamente replantados com eucaliptos — árvores de crescimento rápido e alto valor comercial. O fogo abre caminho para monoculturas lucrativas.
  • Empresas de construção civil e imobiliário:
    Áreas devastadas pelo fogo perdem valor e sofrem mudanças na classificação do solo. Onde antes havia floresta, pode surgir terreno “liberado” para construção.
  • Negócio do combate ao fogo:
    O Estado gasta milhões todos os anos com empresas de aluguer de meios aéreos, material de combate e logística. O combate aos incêndios movimenta uma verdadeira indústria sazonal que não tem interesse em ver o problema resolvido.
  • Madeireiras oportunistas:
    Árvores queimadas ainda têm valor econômico e são cortadas e vendidas rapidamente. O fogo acelera a “limpeza” do terreno e gera lucro imediato.
  • Seguros e indemnizações:
    Propriedades destruídas pelo fogo resultam em acionamento de seguros, indemnizações estatais e subsídios de recuperação, que muitas vezes caem nas mãos erradas.

Fogo posto não é tragédia natural — é negócio

Quando o país inteiro encara os incêndios como “desgraças inevitáveis do verão”, perde-se de vista que existe uma engrenagem de interesses lucrando com as cinzas.
O eucalipto continua a dominar as paisagens, aldeias continuam a ser esquecidas, a fiscalização continua insuficiente — tudo isso alimenta um ciclo de destruição que é, em muitos casos, altamente lucrativo.

A política do esquecimento: tragédia lucrativa, investimento mínimo

Portugal investe muito no combate ao fogo, mas pouco na prevenção. Por quê? Porque há muito mais dinheiro em contratos de emergência, aluguer de aeronaves e reconstrução de infraestruturas do que em manter florestas ordenadas e aldeias seguras.
O resultado é simples: o país gasta milhões para apagar incêndios, mas evita gastar milhares para evitá-los.

Terrorismo ambiental com selo de mercado

O fogo posto deveria ser tratado como terrorismo ambiental — um crime contra a nação. Mas, ao invés disso, tornou-se um “negócio informal” tolerado pelo sistema:

  • Proprietários desinteressados deixam terrenos ao abandono.
  • Intermediários ganham com a madeira queimada.
  • Grandes empresas pressionam pelo replantio de espécies lucrativas.
  • Políticos fecham os olhos ao ordenamento florestal enquanto assinam contratos milionários de combate.

O fogo é criminoso, mas o lucro com as cinzas é perfeitamente legalizado.

Um grito urgente

Enquanto houver dinheiro no caos, o verão em Portugal continuará a ser sinónimo de destruição. O país precisa urgentemente de:

  • Reforma profunda do ordenamento florestal.
  • Penas severas e sem brechas para incendiários reincidentes.
  • Fiscalização sobre empresas que lucram com incêndios.
  • Investimento real em prevenção e proteção rural.

Porque, se o fogo é negócio, nós, como sociedade, somos os clientes involuntários — pagando com impostos, saúde e vidas.

🔥 Reflexão final:
O que mais precisa arder para entendermos que o fogo não é apenas uma tragédia natural, mas uma máquina de lucro alimentada pela nossa indiferença?

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