✈️ Schengen em Crise? Reflexões sobre a Liberdade de Circular aos 40 Anos

Em junho de 2025, o Acordo de Schengen completa quatro décadas — marco histórico da livre circulação na Europa. Mas este aniversário vem acompanhado por um fenômeno paradoxal: o retorno de controlos nas fronteiras internas, adotados por países como Alemanha, França e os Países Baixos, com o argumento de conter a migração irregular e preservar a segurança (ft.com).

Schengen: um sonho europeu comprometido?

Assinado em 1985, o espaço Schengen simbolizou o ideal de um continente sem barreiras. Hoje, porém, 11 Estados-membros já reintroduziram controlos — um revés que ameaça o projeto original (ft.com). Se, no papel, estas medidas devem ser usadas apenas em casos excepcionais, a prática revela uma tendência preocupante em direção ao ferrolho intermitente por todo o continente.

Os argumentos oficiais — e suas contradições

Ligações feitas à segurança e migração compõem a justificativa oficial. Houve até decisões judiciais — como no caso alemão — defendendo que são medidas necessárias frente à imigração irregular . Mas para muitos, esses controlos revelam falhas na política migratória da UE, forçando países a agir unilateralmente em vez de encontrar soluções coletivas.

Além disso, surgem tensões comerciais: a Comissão Europeia enfrenta pressão para lidar com importações baratas de gigantes chineses como Temu e Shein — vistos como dumping — e proteger o mercado comum (ft.com).

O impacto para os europeus

Os controlos nas fronteiras internas representam uma contradição: enfraquecem a cidadania europeia, restringem viagens a trabalho, o turismo intra-UE, a cooperação entre universidades, e criam entraves para pequenos negócios transfronteiriços.

Mobilidade, há muito cultivada, corre o risco de regredir — com impacto direto na economia, cultura e integração social.

Desafios à unidade europeia

A crise de Schengen reflete um dilema maior: como manter os valores europeus (mobilidade, solidariedade) em um cenário onde cada país age por interesses próprios? A coexistência entre políticas nacionais de controle e uma união genuína se torna insustentável se a UE não retomar o comando.

O que precisa mudar?

  • Mais coordenação e solidariedade entre Estados para lidar com fluxos migratórios sem fragmentar o espaço;
  • Reforço das operações em fronteiras exteriores, em vez de fechamentos internos;
  • Sanções efetivas para violações do Acordo de Schengen, assegurando que os controles sejam exceções e não o novo normal;
  • Verificação e apoio em casos como o da Alemanha, onde decisões judiciais já apontaram abusos na abordagem unilateral ;

🧭 Conclusão — Reforçar, não recuar

O 40.º aniversário de Schengen deveria ser uma celebração do ideal europeu de mobilidade livre. Mas com o ressurgimento de controlos internos, a UE corre o risco de perder não apenas a praticidade, mas também o espírito que uniu o continente após guerras.

Se o Acordo de Schengen sobreviver a essa crise, será ao preço de encontrar um equilíbrio justo entre segurança legítima e mobilidade livre, sob a liderança efetiva da União Europeia. Qualquer solução menor pode transformar esse aniversário marcante em um triste retrato de portas fechadas — exatamente o oposto da Europa que queremos.


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